De acordo com o especialista Rodrigo Balassiano, a inovação financeira tem expandido os horizontes dos investidores, e os fundos com lastro em royalties de propriedade intelectual se apresentam como uma alternativa promissora. Esses fundos estruturados têm como base ativos oriundos de direitos autorais, patentes, marcas e outros bens intangíveis, transformando a produção intelectual em uma fonte recorrente de receita para os cotistas. Ao analisar esse tipo de investimento, é fundamental compreender sua dinâmica, avaliar os riscos e identificar oportunidades em um mercado que ainda está em formação, mas que já demonstra grande potencial de crescimento.
Explore como ideias se transformam em ativos financeiros e por que os royalties intelectuais estão ganhando espaço entre as estratégias de investimento mais sofisticadas do mercado.
Como funcionam os fundos com lastro em royalties de propriedade intelectual?
Os fundos com lastro em royalties de propriedade intelectual operam adquirindo direitos sobre obras, invenções ou marcas que geram receita contínua. Esses direitos são convertidos em ativos financeiros que compõem a carteira do fundo, permitindo que os investidores tenham participação proporcional nos rendimentos gerados por licenciamento, uso comercial ou distribuição. Em outras palavras, o fundo recebe os royalties e os distribui entre os cotistas, como forma de retorno.
Segundo Rodrigo Balassiano, essa estrutura permite que artistas, autores, inventores ou empresas antecipem receitas futuras, ao vender seus direitos para o fundo. Já os investidores passam a ter acesso a um fluxo de caixa estável, muitas vezes descorrelacionado de outros ativos do mercado financeiro tradicional. Isso contribui para a diversificação da carteira e pode reduzir o risco sistêmico em períodos de instabilidade econômica.

No entanto, o sucesso desses fundos depende da qualidade e da rentabilidade dos ativos intelectuais adquiridos. O valor dos royalties pode variar conforme a demanda de mercado, o tempo de exploração da propriedade intelectual e questões legais envolvidas na proteção dos direitos. Por isso, é essencial que os gestores tenham profundo conhecimento do setor criativo e jurídico para avaliar corretamente o potencial dos ativos antes de compor a carteira.
Quais são os principais riscos e desafios desse tipo de investimento?
Embora promissores, os fundos baseados em royalties de propriedade intelectual enfrentam desafios relevantes. O primeiro deles está relacionado à precificação dos ativos. Diferente de ativos tangíveis, como imóveis ou máquinas, o valor de uma obra intelectual pode ser altamente subjetivo e variar de forma imprevisível. Isso torna a análise de risco mais complexa e exige métodos de avaliação não convencionais.
Além disso, a inadimplência no pagamento dos royalties e a obsolescência do ativo são fatores que impactam diretamente a rentabilidade. Uma música pode deixar de ser executada com frequência, uma patente pode perder valor frente a novas tecnologias, e uma marca pode ser desvalorizada por mudanças no mercado ou escândalos de reputação. Esses elementos tornam a gestão do portfólio uma tarefa dinâmica, exigindo constante revisão e adaptação.
Outro ponto importante, conforme o especialista da área Rodrigo Balassiano, é a segurança jurídica dos direitos adquiridos. É necessário garantir que não haja disputas legais sobre a titularidade da propriedade intelectual, o que poderia comprometer os recebíveis do fundo. A due diligence prévia e o acompanhamento jurídico contínuo são, portanto, indispensáveis para mitigar riscos e proteger os investidores.
Qual o potencial dos fundos com lastro em royalties no Brasil?
O Brasil possui uma rica produção cultural, científica e tecnológica, o que oferece um campo fértil para a consolidação dos fundos com lastro em royalties de propriedade intelectual. A indústria musical, o setor editorial, os registros de patentes universitárias e as marcas consolidadas são exemplos de fontes viáveis para geração de receitas recorrentes. No entanto, como aponta Rodrigo Balassiano, ainda há poucos mecanismos estruturados para transformar esses ativos em produtos financeiros robustos.
Com o amadurecimento do mercado e o aumento da conscientização sobre o valor dos ativos intangíveis, a expectativa é de que os fundos com lastro em royalties de propriedade intelectual ganhem espaço no portfólio de investidores sofisticados. Trata-se de uma fronteira que alia inovação, retorno potencial e impacto positivo na economia criativa — desde que acompanhada de boa governança, análise técnica rigorosa e gestão profissional.
Autor: Zunnae Ferreira