Fernando Trabach Filho, administrador de empresas, observa que a integração entre biocombustíveis e agricultura tem ganhado relevância nas discussões sobre desenvolvimento econômico, transição energética e reequilíbrio regional no Brasil. A produção de etanol, biodiesel e outras fontes renováveis derivadas do campo não apenas contribui para a redução das emissões de carbono, como também estimula cadeias produtivas locais, amplia a geração de empregos e fortalece a arrecadação em áreas historicamente menos industrializadas. Além disso, ao reposicionar o setor agrícola como protagonista da transição energética, o país amplia sua autonomia estratégica e diversifica suas fontes de receita, inclusive sob o ponto de vista fiscal. No entanto, para que esse potencial se concretize, é necessário enfrentar desafios estruturais e alinhar políticas públicas que garantam competitividade e estabilidade ao setor.

Biocombustíveis e agricultura como eixo da descentralização econômica
A relação entre biocombustíveis e agricultura é uma oportunidade concreta para descentralizar o crescimento econômico e estimular o interior do país. Plantas de processamento de etanol de milho, biodiesel de soja, cana-de-açúcar e até oleaginosas nativas como o babaçu e o dendê geram impacto direto sobre a dinâmica das regiões produtoras. Segundo Fernando Trabach Filho, esse modelo favorece a interiorização da arrecadação tributária, ao estimular a formalização de cooperativas, indústrias e prestadores de serviços nas cadeias produtivas ligadas à energia renovável. Com maior volume de transações registradas, prefeituras e estados ampliam sua base de arrecadação de ICMS e outros tributos, podendo reinvestir esses recursos em infraestrutura, educação e saúde rural. Trata-se de um ciclo virtuoso no qual a expansão de uma matriz energética limpa se traduz em benefícios sociais e econômicos para populações historicamente marginalizadas dos grandes investimentos nacionais.
Impacto fiscal e estímulos para a produção sustentável
Do ponto de vista das contas públicas, o avanço de biocombustíveis e agricultura contribui para o equilíbrio fiscal ao gerar nova arrecadação sem pressionar setores urbanos já sobrecarregados. O crescimento dessa indústria atrai capital privado, promove a diversificação da economia e reduz a dependência de subsídios direcionados aos combustíveis fósseis, frequentemente onerosos para o Estado. De acordo com Fernando Trabach Filho, a previsibilidade das receitas geradas pela cadeia dos biocombustíveis que envolvem desde a produção até o transporte e a comercializaçãopermite que governos locais planejem com mais eficiência o uso de recursos e desenvolvam políticas públicas mais eficazes. Ao mesmo tempo, o estímulo à produção sustentável, por meio de créditos verdes, linhas de financiamento específicas e incentivos fiscais para inovação, fortalece a competitividade do setor agrícola nacional e amplia as exportações brasileiras de energia limpa, o que também impacta positivamente a balança comercial.
Potencial de inovação e inclusão produtiva no campo
Além do aspecto fiscal, a sinergia entre biocombustíveis e agricultura abre espaço para inovação e inclusão produtiva em larga escala. A diversificação de matérias-primas para a produção de combustíveis renováveis como resíduos agrícolas, palha, bagaço e culturas de cobertura favorece o pequeno e médio produtor, que passa a ter mais alternativas de geração de renda. Conforme ressalta Fernando Trabach Filho, esse modelo fortalece a agricultura familiar e permite o aproveitamento integral dos recursos disponíveis no campo, reduzindo desperdícios e aumentando a eficiência produtiva. A adoção de tecnologias adaptadas à realidade rural, como microdestilarias, sistemas de monitoramento remoto e processos automatizados, pode melhorar a produtividade e estimular o protagonismo dos agricultores em redes cooperativas. Dessa forma, o Brasil rural deixa de ser apenas um fornecedor de insumos e passa a ocupar posição estratégica no mercado de energia limpa, contribuindo para uma economia mais inclusiva e descentralizada.
Considerações finais
A integração entre biocombustíveis e agricultura oferece um caminho promissor para transformar o campo brasileiro em um polo estratégico da economia verde. Os benefícios vão além da sustentabilidade ambiental: incluem impactos fiscais positivos, descentralização da arrecadação, estímulo à inovação e valorização do trabalho rural. No entanto, para alcançar esse potencial, é fundamental garantir segurança jurídica, políticas públicas consistentes e investimentos em infraestrutura e capacitação. O Brasil possui vantagens naturais e tecnológicas para liderar esse processo global, desde que aproveite suas vocações regionais com planejamento e foco em resultados de longo prazo. A expansão dos biocombustíveis representa mais do que uma alternativa energética, é uma oportunidade de redefinir o papel do Brasil rural no desenvolvimento nacional.
Autor: Zunnae Ferreira