Tecnologia pode reduzir uma das principais causas de desabastecimento de água em Minas

Zunnae Ferreira
Zunnae Ferreira

A Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) desenvolveu um projeto inovador para monitorar à distância as redes de distribuição de água e coletoras de esgoto, níveis dos reservatórios de abastecimento e dispositivos de bombeamento. O Sistema Integrado de Supervisão (Copasis) é uma plataforma que fornece dados para análise por meio de representação virtual gráfica em tempo real. Essa tecnologia pode identificar e solucionar inconsistências antes de afetar os clientes.

O Copasis começou a ser desenvolvido em 2019 e já está em funcionamento em quase 2 mil unidades operacionais espalhadas por cerca de 300 localidades do estado. A plataforma permite acompanhar em tempo real o nível dos reservatórios e analisar dados sobre as condições momentâneas do sistema de distribuição de água. Além disso, também é possível averiguar falhas de funcionamento dos conjuntos de bombeamento de água, gerando uma notificação imediata à Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) se o motivo for falta de energia elétrica.

A engenheira de automação Gabriela Correia destaca que o principal benefício do projeto é evitar as causas de falta de água, com exceção daquelas ocasionadas por falta de energia. Com a identificação imediata de falhas, as equipes de manutenção podem agir mais rapidamente, evitando o esvaziamento total dos reservatórios e, consequentemente, o desabastecimento.

O monitoramento em tempo real também possibilita a avaliação do perfil de consumo dos sistemas de abastecimento, permitindo o desenvolvimento de ações e melhorias. Além disso, a construção de uma base histórica de dados extraídos da plataforma de monitoramento Copasis permitirá um melhor planejamento das obras de expansão do sistema, tornando-o mais eficiente.

A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) tem uma estrutura complexa e extensa de abastecimento de água e coleta de esgoto sanitário, dividida em dois subsistemas denominados macro e microoperação de água e esgoto. Desde 2006, a macrooperação de água conta com um sistema de monitoramento à distância, no Centro de Operação de Sistema (COS). O Copasis nasceu da necessidade de desenvolver uma estrutura para levar à microoperação de água e esgotamento sanitário de todo o estado o mesmo modelo de monitoramento que há tempos vem trazendo bons resultados para a macrooperação da RMBH.

Os sistemas de distribuição de água contam com elevatórias de água tratada (EAT) aparelhadas com dispositivos para bombear a água. A maioria das EATs está posicionada em dois pontos específicos: antes dos reservatórios, impulsionando a vazão para enchê-los, e depois, onde as elevatórias têm a função de pressurizar a rede para abastecer os imóveis localizados nas partes mais altas das cidades. Na microdistribuição, a operação das EATs e o controle do nível dos reservatórios são feitos por automatismos locais, com uma programação suficientemente inteligente para manter a estabilidade do sistema de abastecimento, equilibrando a distribuição de água de acordo com as variações de consumo ocorridas ao longo do dia.

Antes da implantação do Copasis, todo o monitoramento das EATs era feito in loco, o que tornava muito difícil identificar qualquer inconsistência de funcionamento e outras ocorrências de forma imediata. Com a implantação do Copasis, esses sistemas passam a ser monitorados 100% à distância, com as ações in loco ficando somente para os casos que exigirem manutenção no sistema operacional e na telemetria.

Essa tecnologia pode ser uma solução eficaz para reduzir uma das principais causas de desabastecimento de água em Minas, garantindo um abastecimento mais seguro e eficiente para a população.

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