A mãe do piloto Pedro Rodrigues Parente Neto, que está desaparecido desde 1º de setembro, entrou em contato com a Polícia Civil de Tarauacá, no interior do Acre, em busca de notícias do filho. Maria Eugênia Ferreira Buta falou com o delegado Ronério Silva na última sexta-feira (6) e explicou que o filho estava sumido há cinco dias e perguntou se o delegado não tinha notícias dele pelo Acre.
Pedro Rodrigues Neto, conhecido como Pedro Buta, pilotava um avião que caiu no Rio Tarauacá, na cidade de mesmo nome em maio deste ano, e escapou sem ferimentos. As circunstâncias do acidente, até hoje, são envolvidas em mistérios. Além de Buta, estava no avião Wesley Evangelista Lopes, preso em 2019 por tráfico internacional de drogas e apontado como chefe de um grupo criminoso preso em 2018 transportando 450 kg de cocaína em um avião bimotor para Manaus.
Após o acidente em Tarauacá, Wesley Lopes não foi mais visto na cidade. Já Pedro Buta esteve na delegacia, prestou depoimento ao delegado Ronério Silva e negou conhecer o passado de Wesley Lopes. O delegado contou que o piloto deixou o telefone dele com Maria Eugênia como contato no Acre. A mulher foi orientada a registrar um boletim de ocorrência e buscar a polícia.
O piloto está desaparecido desde 1º de setembro, quando foi contratado por um empresário brasileiro do ramo da mineração, Daniel Seabra de Souza, para levar uma aeronave de Goiânia para a Venezuela. Ele foi visto pela última vez com a aeronave que pilotava, o monomotor Bellanca Aircraft, na cidade de Caicara del Orinoco, na região central da Venezuela. Era lá que, segundo o empresário, o monomotor Bellanca Aircraft deveria ser entregue.
Um documento informa que o piloto entregou a aeronave para Daniel em 17 de agosto, na Venezuela. O termo é assinado tanto por Pedro como por Daniel. Porém, ainda segundo Daniel, eles permaneceram em uma fazenda até que, em 1º de setembro, Pedro Buta e o avião desapareceram. O empresário diz desconhecer o paradeiro e que soube que um homem desconhecido estava junto com ele.
A suspeita é que a aeronave tenha deixado o Brasil e ingressado na Venezuela de maneira ilegal. Isso porque, segundo mensagens trocadas entre o piloto e o empresário, Buta diz que desligaria o transponder – o dispositivo eletrônico que permite que ele seja rastreado. Também não há registros de que a aeronave tenha obtido autorização para entrar no país de forma legal.
A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que o último plano de voo registrado pela aeronave foi no dia 17 de agosto, partindo de Boa Vista, em Roraima, às 8h17, com destino a uma fazenda, localizada em Amajari – cidade em Roraima que fica próximo à fronteira com a Venezuela. Ainda segundo a FAB, o sinal do avião foi perdido ao entrar em espaço aéreo sem cobertura de radar e não há registros de nova decolagem do avião.
O Ministério das Relações Exteriores afirmou que acompanha o caso por meio da Embaixada do Brasil em Caracas, capital venezuelana, que presta a assistência consular aos familiares do brasileiro e está em contato com as autoridades locais. A Polícia Federal investiga o caso.
A mãe do piloto, Maria Eugênia, está desesperada e busca qualquer informação que possa levar ao paradeiro do filho. “O último contato que eu tive com ele via WhatsApp foi no domingo, 1º de setembro. Até então, eu pensava que ele estava na Bahia. Porque, pensando em me proteger de preocupação, ele não havia me relatado que estava na Venezuela”, disse.
A investigação sobre o desaparecimento do piloto continua em andamento, com a Polícia Federal e a Força Aérea Brasileira trabalhando juntas para descobrir o que aconteceu com Pedro Buta e sua aeronave.