No mundo de hoje, os dados se tornaram o ativo mais estratégico da era digital. O especialista Francisco Gonçalves Peres explica que em determinadas regiões e setores, o valor extraído da coleta, análise e uso inteligente de informações pessoais já supera o da exploração de recursos naturais, como o petróleo. O que parece apenas uma sequência de cliques, buscas e curtidas representa, na prática, matéria-prima para decisões comerciais, políticas e tecnológicas de alto impacto.
O avanço da inteligência artificial, aliado ao uso massivo de plataformas digitais, elevou o dado a um novo patamar de relevância. Empresas que sabem transformar comportamento online em padrões de consumo, preferências e tendências conquistam vantagens competitivas enormes. Essa lógica tem reconfigurado mercados inteiros, levando governos, investidores e corporações a disputar o controle e a regulação desses fluxos de informação.
Por que os dados pessoais têm tanto valor econômico?
O histórico digital de um indivíduo revela mais do que suas preferências: ele antecipa comportamentos. Francisco Gonçalves Perez explica que empresas usam esse tipo de dado para personalizar ofertas, melhorar produtos e reduzir riscos. Isso torna a publicidade mais eficaz, os serviços mais precisos e a fidelização de clientes mais eficiente. Cada clique, ao ser processado por algoritmos, vira um insumo valioso para decisões de negócio.
Diferente de recursos naturais, os dados são infinitamente replicáveis, não se esgotam e, quando bem organizados, podem gerar valor continuamente. O poder está em cruzar informações dispersas e transformá-las em inteligência acionável. Setores como varejo, fintechs, saúde digital e logística são alguns dos que mais se beneficiam desse recurso, criando um ciclo em que o dado retroalimenta estratégias e impulsiona crescimento.

O que torna os dados mais valiosos do que o petróleo em certas regiões?
Em locais onde a economia é altamente digitalizada e baseada em serviços, o valor extraído da informação supera em muito os ganhos com recursos físicos. Francisco Gonçalves Peres destaca o Vale do Silício como exemplo: as maiores empresas da região são movidas a dados, não a extração de bens tangíveis. Plataformas de redes sociais, buscas, e-commerce e streaming vivem da coleta e uso massivo de dados de usuários.
Essas empresas monetizam a atenção e o comportamento das pessoas em tempo real, criando modelos escaláveis com margem de lucro altíssima. A comparação com o petróleo vem do fato de que dados, como o óleo bruto, precisam ser refinados, ou seja, organizados, analisados e convertidos em produto útil. Mas, ao contrário do petróleo, os dados podem ser utilizados por múltiplos agentes ao mesmo tempo, sem se esgotarem.
Quais os riscos de uma economia baseada em dados?
A centralização de grandes volumes de dados nas mãos de poucas empresas levanta preocupações éticas, sociais e econômicas. Francisco Gonçalves Peres alerta que, sem regulação adequada, há risco de manipulação de comportamentos, violação de privacidade e uso discriminatório das informações. O poder concentrado de grandes plataformas desafia legislações tradicionais e pressiona governos a criarem normas mais robustas.
Novo eixo de poder e influência
Francisco Gonçalves Perez reforça que os dados estão no centro de uma nova geopolítica. Países e empresas que controlam grandes volumes de informações ganham vantagens em inovação, segurança, saúde e competitividade global. São os fluxos de dados que movem os principais mercados do século XXI, e entender isso é essencial para qualquer estratégia de desenvolvimento. O desafio, agora, é garantir que esse poder seja usado com ética e propósito, em vez de concentrado de forma nociva.
Autor: Zunnae Ferreira